quinta-feira, 18 de outubro de 2012

COMO INICIAR UMA COLEÇÃO

A primeira concha que "coletei" foi uma Charonia variegata que só mais tarde viria a saber o seu nome.
Era só um búzio que, depois de muito trabalho para limpa-lo, veio a enfeitar a minha estante.
A segunda foi um Strombus gallus que encontrei enquanto fazia pesca sub. Este sim veio a ser o gatilho que acionou o interesse pela coleção destes animais.
Morando em Salvador, Bahia, não foi difícil obter as minhas primeiras conchas marinhas. Estas, no entanto, não passavam de "peças roladas" , moldadas pela areia , o sol e o mar. Precisava obter melhores exemplares,  mas não sabia exatamente como.

Charonia variegata

















São esses primeiros passos que gostaria de compartilhar com vocês.
Você pode coletar conchas nas areias das praias, nas poças formadas pela maré baixa, ao lodo dos manguezais , sobre as plantas desses mesmos lugares, enfim, existe material em praticamente todos os lugares, até mesmo em nosso jardim.
Seja como for, a coleta deve ser criteriosa. O Modiolus americanus, por exemplo, será sempre o mesmo, tenha você um ou cem.Colete duas de boa qualidade para sua coleção e outro par para troca.


Consigo  bons exemplares debaixo de pedras, que devem ser colocadas no mesmo lugar e da mesma forma como foram encontradas. Lembre-se que ali é um microecosistema e deve ser preservado para futuras coletas.

Uso uma pinça para as microconchas e um recipiente pequeno para guarda-las. 
Ao levantar a pedra, observe primeiro o solo, pois muitas se desprendem e caem. Depois, com a ação do sol, você verá que elas começam a se movimentar procurando refugio, portanto, seja cauteloso.
Outra forma é o mergulho com snorkel. Consultando a internet ou livros especializados, você se familiariza com o formato das conchas, pois elas vivem, em sua grande maioria, camufladas. Somente o olhar treinado poderá identificar o animal.

Macrocypraea zebra juvenil encontrada debaixo de uma pedra.

 Quando a maré está baixa, os moluscos procuram o refúgio na sombra. Observe os "rastros" deixados na areia.

Olivella minuta

Rastro da Olivella minuta








Polinices uberinus


Rastro de Polinices uberinus
















Spondilus ictericus e Acrosterigma magnum apanhadas presas
as malhas das redes dos pescadores.



Costumo voltar várias vezes durante o ano no mesmo lugar, pois as espécies são mais frequentes em certos meses que em outros ou após fortes chuvas.
Coletei  Janthina janthina durante o ano todo, mas após as chuvas do mês de agosto, obtive os maiores espécimes. 
Praia de Vilas do Atlântico,Lauro de Freitas-Bahia, na maré baixa.












O ideal é que você se familiarize com o ambiente em que vivem, para que se possa obter o animal vivo ou, pelo menos, que se encontrem em perfeito estado de conservação.


Pleuroploca aurantica




Cypreacassis testiculus sobre as pedras na maré baixa.

Thais deltoidea em seu ambiente totalmente camuflada















Deve-se tomar cuidado ao levantar as pedras e evitar colocar a mão em buracos. Ouriços, peixes-pedra, moreias e poliquetas dividem o mesmo espaço com os moluscos e podem causar graves ferimentos.

Durante a coleta de conchas utilizo o seguinte; Pinça longa para capturar espécies menores, por serem difíceis de coletar na captura com os dedos dentro de fendas.
Uma peneira e um pequeno balde para microconchas.
Um pequeno martelo e uma chave de fenda antiga para quebrar o substrato onde estão enterrados alguns bivalves (deve-se ter o máximo de cuidado para não danificar a concha nessa operação)








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